O maestro João Carlos Martins realizou ontem no Auditório Petrônio Portella a palestra motivacional Superando obstáculos: a música venceu.
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— A vida não é feita só de tragédia, a vida é feita de humildade. Quando uma pessoa nasce, é como uma flecha: ela tem que alcançar seu destino. Pode ter desafios, pode correr dos desafios, mas ela luta para manter aquela trajetória — disse o maestro.
Reconhecido internacionalmente como um dos maiores
músicos clássicos brasileiros do século 20 e um dos maiores intérpretes do
compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685—1750), Martins teve que
interromper a carreira de pianista em decorrência de problemas físicos que
afetaram as mãos.
A partir daí, passou a expressar a paixão pela
música por meio da regência de orquestras. Em 2011, a escola de samba Vai-Vai
foi campeã do carnaval paulista com o enredo A Música Venceu, em homenagem ao
pianista, que também foi alvo de inúmeras outras homenagens.
Martins disse que a vida dele começou em 1899,
quando nasceu seu pai, que gostaria de ter sido pianista, mas, às vésperas da
primeira aula, perdeu parte da mão na gráfica onde trabalhava.
Em 1948, Martins começou a estudar piano. Seis
meses depois, ganhou concurso nacional, aos 13 anos de idade, iniciando
carreira nacional. Aos 18 anos, passou a correr o mundo inteiro.
Aos 26 anos, em Nova York, veio a primeira
adversidade, quando caiu e rompeu um nervo da mão durante jogo de futebol com
brasileiros que ele havia encontrado na cidade.
O pianista submeteu-se a uma operação paliativa e
continuou tocando com dedeiras de aço, que acabavam deixando sangue nas teclas
do piano.
João Carlos Martins retornou ao Brasil e atingiu a
plena forma, voltando a se apresentar para 2.800 pessoas no Carnegie Hall, em
Nova York. Anos depois, já portador de lesão por esforço repetitivo (LER), o
pianista sofreu ferimentos em um assalto na Bulgária, ficando hospitalizado por
alguns meses.
— Fui operado e perdi os movimentos da mão direita.
Sobraram os da esquerda, eliminados mais tarde por um tumor — disse.
O pianista resolveu estudar regência após um sonho
com o maestro Eleazar de Carvalho. Como maestro, Martins cursou Orientação
Educacional e Tecnologia de Sistemas, com pós-graduação em RH; MBA pela Kellogg
School of Management e na Fundação Dom Cabral; e especializações em Gestão de Pessoas
e Negócios em escolas como FGV-SP, London Business School e Columbia Business
School.
— Estou com 72 anos, com oito anos de mais de mil
concertos em grandes teatros no Brasil, no mundo e nas periferias, educando
2.200 crianças em projeto musical — contou o maestro.
Busca pela excelência
musical
Após a palestra, Martins regeu um quinteto que
executou Gabriel’s Oboe, de Enio Morricone, tema do filme A Missão, Cine
Paradiso, tema do filme homônimo, e Trem das Onze, de Adoniram Barbosa. Ele
lembrou que, ao receber a notícia de que nunca mais poderia tocar piano
profissionalmente, estava ouvindo, justamente, Cine Paradiso.
— Desde 2008, faço questão, no final de concertos,
de tocá-la.
Para a diretora-geral do Senado, Doris Peixoto,
Martins é “um exemplo de dignidade, superação, lição, persistência, otimismo,
adaptação e força interior”.
— Quantas vezes nossa rotina se mostra frustrante?
Quantas vezes pensamos em desistir diante de obstáculos que parecem
intransponíveis? Desistir jamais, é a mensagem com que o maestro nos brinda
hoje — afirmou.
Ela ressaltou a participação da Câmara dos
Deputados e da Câmara Legislativa no projeto conjunto, “em prol das melhores
práticas de gestão no serviço público”. Ela citou também o presidente do
Senado, José Sarney, e o primeiro-secretário da Casa, Cícero Lucena.
— Juntos, temos feito a diferença rumo à gestão por
resultados e à transparência das ações administrativas — disse.
FONTE
Jornal do Senado
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