Retorno não pode prescindir da manutenção dos
hábitos de higiene
Publicado em 27/06/2020 - 16:00 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
O comportamento sedentário com o uso exagerado de smartphones, telas e computadores pelas crianças e adolescentes, observado já no período pré-pandemia do novo coronavírus, se tornou problema mais agudo com o isolamento social, determinado para evitar a disseminação da covid-19.
Atenta ao tema e diante da perspectiva de
reabertura das escolas, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou
um manual com orientações às
escolas, aos professores de educação física, pais e cuidadores sobre os
cuidados necessários para o retorno às atividades.
O coordenador do Grupo de Trabalho sobre Atividade
Física da SBP, Ricardo do Rego Barros, lembra que grande parte das crianças e
jovens está há quase quatro meses com “zero de atividade física”
e por isso, é preciso parcimônia no retorno aos exercícios.
Segundo ele, crianças menores, que gostam de pular
e correr o tempo todo, vão voltar mais ansiosas e com menos fôlego para
brincar. A tendência é que as crianças de 2 a 10 anos de idade queiram gastar a
energia toda de uma vez. Para adolescentes, a partir de 12 anos, a recomendação
da SBP é que façam atividades de maneira gradativa. “Não adianta querer
recuperar de uma vez só o tempo perdido porque isso pode provocar lesões
musculares”, advertiu o médico.
Na avaliação de Barros, a pandemia foi um fator
obesogênico, relacionado a hábitos de vida que apresentam forte relação com a
instalação e a manutenção da obesidade. “As pessoas estão comendo mais
besteiras, o que é factível, não estão fazendo atividades físicas”, destacou.
Importância da higiene
A SBP lembra que retorno às atividades não pode
prescindir da manutenção dos hábitos de higiene, que incluem lavar as mãos com
água e sabão, usar álcool gel e máscara.
“Quando nós falamos na questão do álcool gel, isso
significa transformar o álcool gel em um item da mochila escolar, em qualquer classe.
A criança vai brincar no escorrega. Quem passou por ali? Acabou de brincar tem
que limpar a mão, a perna, para não se contaminar. Tem que ter alguém
olhando isso”, afirmou.
Professores
Para os docentes, a recomendação da SBP com relação
ao retorno às atividades físicas é que sejam feitas turmas menores, com aulas
mais curtas, tentando evitar muito contato.
A SBP sugere ainda que os professore planejem as
aulas de educação física escolar visando evitar, ou desencorajar, a prática de
esportes coletivos e atividades de contato corporal; desenvolvam as práticas
corporais ao ar livre ou em espaços mais arejados possíveis; proponham, de
preferência, atividades físicas de intensidade moderada, com o objetivo de
potencializar a melhora do sistema imunológico a médio e longo prazo.
A entidade também destaca a necessidade de
participação dos professores na construção de um plano de trabalho
conjunto com toda a comunidade escolar de conscientização dos alunos para
prática segura de atividades físicas neste período pós-pandemia.
Atividades esportivas individuais como atletismo,
jogos de raquete, karatê, skate e capoeira, na avaliação da SBP, podem ser
uma boa estratégia nesse período porque, com poucas adaptações, pode-se
garantir o distanciamento físico entre os participantes. Atividades de circuito
também podem ser uma opção interessante..
É necessário sempre lembrar às crianças sobre a
importância do uso de álcool gel e máscaras.
“Você não consegue evitar: criança se abraça, se
beija. Mas se, pelo menos, ela estiver protegida, muito bem. Os professores de
educação física vão ser extremamente importantes para isso. Vão ser, talvez, o
pilar mais importante do que pais e pediatras”, estimou o médico.
Escolas
Para as escolas, as orientações sugeridas pela SBP
envolvem a elaboração de um plano de volta às aulas presenciais que inclua
precauções e cuidados específicos para a prática de atividades físicas.
Além disso, sugerem que as escolas devem estar
atentas às famílias menos assistidas e em situação de vulnerabilidade social,
visando auxiliar pais e cuidadores a manter seus filhos ativos e seguros.
O espaço escolar deve ser organizado para evitar
grandes grupos e contato físico. Cabe também às escolas propor cursos de
formação continuada para professores e demais funcionários sobre autocuidado e
cuidado com o outro, nos períodos de pandemia e pós-pandemia, incluindo as
atividades físicas nesse processo.
Pais e cuidadores
Na avaliação de Ricardo Barros, os pais devem ser
exemplo para os filhos e fazer uso correto do álcool em gel e da máscara. Ele
observou, com preocupação, o aumento do número de pessoas que estão fazendo
atividades físicas sem máscara na orla e ou em outros locais do Rio de Janeiro.
“Está tudo errado”, desabafou.
“A atividade física deve ser retomada, mas nós não
sabemos se vai haver um novo pico (da covid) agora. Infelizmente, essa
conscientização [do potencial de letalidade da covid-19] é muito difícil”,
lamentou o médico.
Para os pais, em especial, o manual da SBP
recomenda que devem enfatizar as medidas de isolamento e mínimo contato,
principalmente em áreas comuns como parques, pracinhas e condomínios; promover
a limpeza constante de brinquedos de uso frequente, em especial aqueles
utilizados fora do domicílio e que tenham sido compartilhados com outras
crianças; e estimular uso de máscaras faciais de pano adequadas, nas
atividades ao ar livre.
Além disso, devem dar preferência a atividades em
espaços amplos, ao ar livre, como praças e parques, priorizando sempre o
contato com a natureza e evitar que os filhos pratiquem atividades físicas se
apresentarem sintomas gripais ou respiratórios.
A SBP considera que dividir
atividades domésticas com os filhos pode ser importante tanto para
aumentar o nível de atividade física quanto para estreitar os laços e aumentar
a cumplicidade familiar.
Edição: Lílian Beraldo
Fonte:
Agência Brasil
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